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Por que tomamos decisões ruins (mesmo tentando acertar)

  • anelisepirola
  • 8 de mai.
  • 4 min de leitura
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Você já se pegou dizendo “não sei por que fiz isso”? Ou tomou uma decisão da qual se arrependeu minutos depois? No dia a dia, somos constantemente levados a escolher — o que comer, com quem falar, como reagir, para onde ir, o que dizer. Às vezes, escolhemos no impulso. Outras vezes, pensamos demais e mesmo assim erramos. E tem aqueles momentos em que simplesmente travamos.

A verdade é que decidir cansa. Requer energia, atenção e um certo equilíbrio interno. E nem sempre estamos no nosso melhor estado físico, emocional ou mental para isso. O excesso de estímulos, a sobrecarga de tarefas, a ansiedade pelo futuro e até o cansaço acumulado fazem com que nossas escolhas se tornem automáticas, confusas ou desconectadas do que realmente importa.

Mas e se fosse possível entender por que tomamos certas decisões — e o que podemos fazer para decidir melhor? Não se trata de escolher "certo" o tempo todo, mas de fazer escolhas mais conscientes, que nos aproximem da vida que queremos viver.

Neste artigo, vamos falar sobre como o nosso cérebro decide, por que às vezes ele nos sabota (sem querer), e o que podemos fazer no dia a dia para tomar decisões com mais clareza, leveza e presença.

Por que tomamos decisões ruins (mesmo tentando acertar)

Na teoria, sabemos o que seria melhor fazer. Mas na prática… nem sempre funciona assim. Muitas decisões ruins não acontecem por falta de inteligência, e sim por conta de fatores que afetam diretamente nosso cérebro no momento da escolha. Veja alguns deles:


1. Fadiga decisória. Quanto mais decisões tomamos ao longo do dia, mais difícil fica manter a clareza. O cérebro se cansa. É por isso que, depois de um dia cheio, você pode acabar pedindo um delivery caro sem fome ou dizendo “sim” para algo que não queria. A energia mental já foi drenada.


2. Emoções no comando. Quando estamos ansiosos, irritados ou inseguros, nosso cérebro entra em modo de defesa. Nessa hora, ele prioriza decisões rápidas, baseadas na emoção, e não na razão. É assim que a gente briga com quem ama, aceita uma proposta ruim ou desiste de algo importante — só para aliviar o desconforto do momento.


3. Pressa e impulsividade. Vivemos num ritmo acelerado, e isso nos treina para decidir sem pensar. A lógica é: “responda logo”, “não perca tempo”, “vai no automático”. Mas o automático nem sempre sabe o que é melhor. Às vezes, ele repete padrões antigos, crenças ultrapassadas ou simplesmente busca alívio imediato, não soluções de longo prazo.


4. Falta de presença. Tomar boas decisões exige estar inteiro. Mas quantas vezes você decide algo enquanto responde uma mensagem, pensa em outra coisa, ou só quer "resolver logo"? A falta de presença faz com que a gente diga "sim" quando queria dizer "não", ou siga caminhos que não têm nada a ver com a gente.


5. Medo de errar ou desagradar. A insegurança também pesa. Muita gente decide com base no medo: medo de falhar, de se arrepender, de parecer fraco ou de decepcionar alguém. A escolha, então, deixa de ser autêntica e passa a ser uma tentativa de evitar desconforto.


Como tomar decisões melhores (sem complicar a vida)

A boa notícia é que pequenos ajustes na rotina e no modo de pensar já fazem diferença. Você não precisa acertar sempre, mas pode errar menos e escolher com mais consciência. Aqui vão estratégias simples que funcionam:


1. Dê pausas ao seu cérebro. Antes de uma decisão importante, saia do automático. Beba água. Respire fundo. Se puder, espere 10 minutos. Esse tempo ajuda o cérebro a sair da impulsividade e acessar áreas mais racionais. Parece pouco, mas muda tudo.


2. Observe suas emoções, mas não decida nelas. Está irritado, cansado ou ansioso? Reconheça isso primeiro. Diga para si mesmo: “Ok, estou com raiva. Melhor não decidir agora.” A emoção passa — a consequência da decisão, não.


3. Durma com o problema (às vezes). Uma noite de sono reorganiza ideias, emoções e prioridades. Aquilo que parecia urgente pode não fazer tanto sentido no dia seguinte. Dar tempo ao cérebro é uma forma de respeitar a complexidade da escolha.


4. Questione o piloto automático. Antes de repetir um padrão, pergunte-se: "Estou escolhendo isso porque realmente quero ou porque sempre fiz assim?" Esse tipo de pergunta simples já muda o caminho.


5. Escreva ou fale em voz alta. Colocar a dúvida no papel ou conversar com alguém de confiança ajuda a organizar o pensamento. Às vezes, só de ouvir sua própria fala, você percebe o que faz sentido de verdade.


6. Não busque a escolha perfeita. Busque a mais coerente com você hoje. Esperar certeza absoluta paralisa. Em vez disso, pergunte: “Essa escolha me respeita? Vai na direção do que quero construir?” Se sim, ela já é boa o suficiente para agora.

Você não precisa se tornar outra pessoa para tomar melhores decisões. Basta aprender a escutar um pouco mais o que já está aí dentro — mas que o ruído do dia a dia abafa.

Seu cérebro tem sabedoria. Sua história tem pistas.

E se você sente que tem vivido no modo automático, talvez seja hora de recalibrar a rota.


Eu ajudo pessoas a entenderem como o cérebro decide, reage e aprende. Porque quando você entende como sua mente funciona, começa a escolher com mais presença — e a construir uma vida que faz mais sentido.

Quer dar esse passo? Estou por aqui.


Anelise Pirola, psicóloga, neuropsicóloga e treinadora de Neurofeedback. Atua na Bela Vista, em São Paulo. Vive o envelhecimento e fez dele seu trabalho. 

 
 
 

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